Papos Quânticos IV — Brazil Quantum

Bruna Shinohara de Mendonça
3 min readJul 19, 2022

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Esse texto faz parte de uma série de entrevistas que estou fazendo com especialistas da área de computação/física quântica. A ideia é trazer pessoas de diversos contextos: academia, indústria, comunicação científica etc. Fiquem de olho nas próximas entrevistas!

Fale um pouco sobre vocês. Como resolveram fundar a Brazil Quantum?

A Brazil Quantum foi fundada em meados de 2020 por Rodrigo Ferreira, Rafael Veríssimo, Camila Pontes e Pedro Ripper (ex-membro). Somos quatro amigos e alunos de graduação e/ou mestrado do ITA, IME, PUC-Rio, ENSTA Paris e École Polytechnique. Após alguns meses, Caio Lang (Unicamp/ENSTA Paris) também se uniu à diretoria.

A ideia veio do fato de que não havia, até então, nenhum movimento organizado de conscientização e transmissão de conhecimento sobre tecnologias quânticas no Brasil. A nossa percepção era de que a discussão estava muito restrita à academia — enquanto que, fora do Brasil, o movimento já estava muito mais consolidado, com conversas envolvendo academia, indústria e governo.

Então, a ideia inicial era trazer maior visibilidade para o assunto por meio de artigos introdutórios e entrevistas com profissionais da área, mas novas possibilidades surgiram posteriormente. Hoje em dia, também organizamos cursos gratuitos, programas de estágio e treinamentos executivos e técnicos para empresas.

De quais projetos vocês mais se orgulham? Quais os planos para o futuro?

Difícil escolher porque cada projeto representa uma fase diferente da Brazil Quantum — e cada um foi importante do seu próprio jeito para termos o que nós temos hoje. Ficamos muito felizes com todas as oportunidades que surgiram e com o valor que pudemos gerar para a comunidade de Computação Quântica no Brasil. Aproveitamos o espaço para agradecer aos nossos parceiros: Banco Central do Brasil, Microsoft, Klabin, QURECA, B3 e Ambev.

O futuro reserva muitos planos e dedicação da nossa parte! A ideia é refazer alguns programas (curso e estágio, por exemplo), porém com certas adaptações e melhorias em relação às edições passadas. Também temos outros projetos promissores para a comunidade, mas não podemos revelar no momento. Fiquem ligados!

Quais são os grandes desafios de se trabalhar com Computação Quântica no Brasil?

Trabalhar com Computação Quântica em qualquer lugar do mundo é um desafio, uma vez que se trata de um assunto com elevada barreira de entrada. No caso do Brasil, temos dificuldades adicionais por conta, sobretudo, de carência de capital humano, investimento e visão estratégica em larga escala. A Brazil Quantum escreveu um post sobre o assunto, onde falamos em mais detalhe sobre cada um desses aspectos. Confira também uma palestra que ministramos recentemente na Quantum Latino 2022.

O que se procura, na opinião de vocês, no profissional na área de computação quântica? Como se posicionar para o futuro dessa área?

A resposta é: depende! Há inúmeras funções possíveis em Computação Quântica e cada uma demanda habilidades e virtudes específicas. De um modo geral, porém, podemos observar que posições de criação de novos conhecimentos (seja de algoritmos, seja de hardware) demandam candidatos com PhD — afinal, são funções fortemente atreladas à pesquisa fundamental.

Por outro lado, há diversas vagas ligadas à implementação de algoritmos já existentes para resolução de problemas da indústria — nesse caso, não é obrigatório ter um PhD, mas você precisa ser capaz de aprender rápido e adaptar conhecimentos de um lugar para o outro.

Por último, mas não menos importante, há muita demanda de profissionais de vendas e/ou comunicação científica: nesse caso, é fundamental que você saiba traduzir todo o formalismo científico em termos simples e que consiga engajar o cliente e a comunidade a sua volta.

O importante é descobrir o seu perfil, amplificar suas habilidades e continuar aprendendo e lendo constantemente sobre o assunto — novos progressos ocorrem a todo momento e temos que nos manter atualizados.

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