Papos Quânticos I — Kaelyn Ferris
Essa é a primeira de uma série de entrevistas que estou fazendo com especialistas da área de computação/física quântica. A ideia é trazer pessoas de diversos contextos: academia, indústria, comunicação científica etc. Fiquem de olho nas próximas entrevistas!
Obs: A entrevista original, em inglês, pode ser encontrada no meu perfil no Medium.
Fale um pouco sobre você e seu trabalho atual.
Estou no 5º ano do meu doutorado estudando algoritmos de simulação quântica. Trabalhei em uma startup sediada no Reino Unido chamada Phasecraft e agora atualmente divido meu tempo entre a pós-graduação e um estágio como Quantum Community Advocate na IBM. Também faço parte de uma organização política na minha comunidade em Athens, Ohio, o que é uma ótima válvula de escape da academia.
Quais são os principais desafios de trabalhar com computação quântica em uma startup?
Então, acho que o principal desafio de trabalhar em startups é tanto o ritmo quanto a transitoriedade do trabalho. Acho que isso é mais comum nos EUA, mas normalmente as pessoas só trabalham em startups por um período de 1 a 5 anos e não ficam muito além disso.
O ritmo de trabalho em uma startup às vezes pode ser mais rápido do que em uma empresa maior, o que pode ser desafiador para balancear trabalho e vida pessoal. Felizmente, eu realmente não senti isso enquanto estava na Phasecraft, então isso pode depender da empresa/equipe com a qual você trabalha.
O que você aprendeu com essa experiência?
A principal coisa que aprendi é que, embora as startups pareçam diferentes de trabalhar em uma empresa maior, sua voz vai muito mais longe, tanto devido a forma como a organização é administrada quanto no trabalho que todos fazem. Na Phasecraft, pude ouvir e discutir sobre todos os diferentes projetos que as pessoas estavam trabalhando e foi muito fácil ter uma visão panorâmica da direção que a organização está tomando.
O que você acha que está sendo procurado atualmente pelos profissionais da área de computação quântica? Como se posicionar para o futuro desta área?
É uma mistura, pelo que pude notar. O único fator universal é ter pelo menos alguma experiência em mecânica quântica, mas o campo está procurando por todos, desde desenvolvedores de software a teóricos e engenheiros de hardware. Uma área que atrai muito interesse é a interseção entre o hardware e o software. Ou seja, poder ser informado sobre como o hardware funciona para implementar circuitos quânticos de forma mais eficiente e com menos ruído.
Posicionar-se, pelo menos pelo que aprendi, é principalmente uma questão de encontrar comunidades de outras pessoas que também estão interessadas em computação quântica e ser um membro ativo nesses espaços. Contribuir para bibliotecas de código aberto como o Qiskit e fazer networking com pessoas da área são o que ajudará a dar a atenção que você precisa para ser notado pelos empregadores.
Para você, qual foi a diferença mais importante entre as visões da academia e da indústria sobre Computação Quântica?
Acho que a principal diferença entre a academia e a indústria é que as empresas ainda precisam fornecer algum tipo de produto ou serviço que possa gerar ou aumentar lucro.
Muitos entendem que os grandes benefícios reais da computação quântica ainda estão a vários anos de distância, mas estão dispostos a investir os recursos para utilizar os computadores quânticos que temos agora, além de pesquisar como construir processadores quânticos maiores e mais precisos.
Algum conselho para quem está começando seus estudos na área de computação quântica?
Mencionei isso no posicionamento para o futuro, mas trabalhe em pequenos projetos que sejam interessantes para você. Não precisa ser algo grande ou complicado, apenas algo que você está curioso.
Além disso, use os recursos disponíveis, como a comunidade Qiskit, para encontrar outras pessoas que estejam em uma posição semelhante e trabalhem juntas. Sujar as mãos com problemas/projetos é uma das melhores maneiras de aprender, na minha opinião.