O que é assunto feminino, afinal?

Bruna Shinohara de Mendonça
2 min readSep 21, 2023

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Eu me preocupo da associação de assuntos femininos com assuntos misticos. Um exemplo: sites voltados ao público feminino costumam ter horóscopos, sites masculinos não.

A quantidade de misticismo que me aparece no Pinterest é assustadora. Coisa de manifestar não sei o que, lei da atração etc. E por lá eu pesquiso sobre moda, beleza etc. Como se misticismo fosse um assunto próximo. Eu tentei denunciar e eles não aceitam.

E eu já vi argumentos (feministas?) sobre como o conhecimento místico é feminino, e que a rejeição ao horóscopo etc é algo machista.

Eu acho isso horroroso. É vc dizer que ciência é de menino, com outras palavras.

E assim, pode ser místico/a o quanto quiser. Mas a naturalização disso como um assunto feminino não só reforça estereótipos, mas tb deixa mulheres mais exposta a um aspecto nocivo da pseudociência: vender coisas que não funcionam. Dar soluções que não solucionam.

Assuntos femininos pela história

Computação, no seu início, era visto como um trabalho mais “intelectualmente pobre”. Então, foi delegado a mulheres.

https://www.npr.org/2016/09/25/495179824/hidden-figures-how-black-women-did-the-math-that-put-men-on-the-moon

Não é a toa que temos nomes importantes de mulheres trabalhando nesse setor, na Nasa, desde o meio do século passado.

Dorothy Vaughan: primeira mulher negra com cargo de chefia na Nasa. Ela também aprendeu FORTRAN sozinha e ensinou para sua colegas.

Não é a toa que temos nomes importantes de mulheres trabalhando nesse setor, na Nasa, desde o meio do século passado.

Ada Lovelace, primeira pessoa programadora.

Outro exemplo: Lise Meitner, conhecida agora como mãe da física nuclear, teve que lidar com a imprensa “brincando” que o tópico da sua palestra era física cosmética (era, na verdade, física cósmica). Link para o meu texto sobre a Lise aqui.

E a astrologia mesmo, o tópico inicial da conversa: historicamente, o tópico de astronomia e astrologia andaram juntos por muito tempo. Em algum momento, os temas se separaram. Magicamente, um tema é “feminino” e outro é “masculino”?

Então, quando assuntos são separados por gênero, é importante se perguntar:

Essa divisão sempre existiu, por toda a história?

Existe uma diferença de prestígio entre os assuntos?

A quem essa divisão beneficia?

SEMPRE se pergunte isso antes de naturalizar algo.

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